sábado, 13 de setembro de 2008
Um olhar sobre a libertação animal
O ser humano é só mais um entre os outros animais...
Um meio-sorriso irônico – parte condescendência, parte desdém – ainda predomina, em alguns ambientes, diante do discurso em favor dos direitos dos animais. Ele soa frívolo, a certos ouvidos: é como se sustentá-lo fosse sinal de futilidade ou escapismo, num mundo em que milhões de crianças passam fome ou padecem nas guerras. Porém todas as espécies têm direitos e interesses vitais.
O argumento a favor da extensão do princípio de igualdade além das fronteiras de nossa espécie funda-se na mesma lógica que o argumento que se opõe ao racismo, ao sexismo e às demais discriminações arbitrárias entre os humanos. Quando dizemos que todos os humanos são iguais, não queremos fazer referência a uma presumida igualdade real, pois os humanos são incontestavelmente diferentes quanto a seu aspecto e força física, suas capacidades e sensibilidade. O princípio de igualdade dos humanos não é a descrição de uma pretensa igualdade real: ele é uma prescrição de como os seres humanos devem ser tratados.
Se a fronteira que determina se devemos ou não atribuir uma consideração igual aos interesses de um ser, não pode ser fundada em seu sexo ou na cor de sua pele, como poderia fundamentar-se no fato do ser marchar em pé ou com as quatro patas, ou se tem pêlos ou não? E se o fato de ser mais inteligente não autoriza um ser humano a explorar um outro, como poderia autorizar os humanos a explorarem os não humanos?
A incoerência entre nossos atos e nossos pensamentos a respeito dos animais vem do seu estatuto de propriedade A partir do momento em que se trata de interesses econômicos, não existe mais limite para a utilização ou para o tratamento abusivo dos bichos. Os animais são considerados pertencentes ao patrimônio do Estado, que os põe à disposição do povo. As leis de bem-estar animal visam proteger os animais enquanto bens comerciáveis. Na condição de coisas, eles devem ser tão rentáveis quanto possível. Por isso, são confinados desde o nascimento até a morte, destinados a experimentos industriais (em testes de cosméticos, por exemplo), utilizados nas universidades sem necessidade para "experimentos" repetidos e de resultados óbvios, que poderiam perfeitamente ser substituídos por recursos audiovisuais. Circos, rodeios, parques, espetáculos de golfinhos e outros utilizam os animais com o único fim de divertir. Milhares de bichos de pêlo são abatidos, a cada ano, pela moda... Em geral, o interesse humano prevalece, e o sofrimento animal é considerado “um mal necessário”
O motivo pelo qual as pessoas são lentas em aceitar a filosofia dos direitos dos animais é porque isso significa que elas terão que mudar e isso as deixa desconfortáveis. Nós, humanos, temos o grande defeito de sempre resistir às mudanças. Não queremos abrir mão do nosso conforto, da nossa alimentação, do nosso divertimentos nem tentar achar alternativas porque dá trabalho, exige força de vontade e tudo isso acaba por nos tornar indiferentes agindo de forma egoísta e nos fechando para a causa.
Se queremos de fato fazer avançar o estatuto do animal em nossa sociedade, devemos aplicar o “princípio de igualdade de consideração” (regra segundo a qual devemos
tratar de modo igual os casos semelhantes).
Independentemente da raça, do sexo e da espécie, devemos tratar com a mesma consideração o sofrimento de todos os seres. Aquele que atribui, em caso de conflito, mais peso aos interesses dos membros de sua raça, é racista. O que atribui, em caso de conflito, mais peso aos interesses dos membros de sua espécie, é especista. A igualdade de consideração não significa tratamento igual: se um animal não sofre pelo fato de não poder sair de um país, enquanto um homem pode sofrer no exílio, o tratamento dos casos será diferente. Mas onde os interesses existem e são análogos, eles devem ser pesados na mesma balança. O interesse de não ser utilizado como cobaia ou de não ser preso durante toda vida em um espaço minúsculo destinado à criação, é o mesmo para os humanos e os animais.
Só será possível existir mudanças significativas na vida dos animais a partir do momento que deixarmos de rebaixá-los ao status de propriedade. Felizmente as últimas décadas têm sido marcadas pela difusão dos movimentos e organizações que lutam pelos direitos dos animais. Somente com um movimento organizado obteremos conquistas.
Trabalhamos para este movimento e para atingirmos o dia em que a opressão dos humanos sobre os outros seres sensíveis terá sido eliminada pela raiz!
"A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana." Charles Darwin
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